Réplica do mamute lanoso no Museu de História Natural de Nova York Getty Images Um mamute-lanoso que viveu e morreu há quase 40.000 anos proporcionou uma descoberta científica inacreditável. E essa descoberta pode ajudar a empresa Collossal Biosciences a ressuscitar o animal pré-histórico. As informações são do ScienceAlert. A partir da pele e dos músculos de um mamute, o Mammuthus primigenius, chamado Yuka, cujos restos mortais foram preservados no permafrost siberiano, uma equipe de cientistas sequenciou RNA quase três vezes mais antigo que o recorde anterior — pertencente a um filhote de lobo de 14.300 anos. O RNA tem uma taxa de degradação muito mais rápida em comparação com o DNA. Segundo os pesquisadores, o fato de fragmentos terem sobrevivido em condições suficientemente boas para serem sequenciados após dezenas de milhares de anos foi inesperado. O mamute Yuka devia ter cinco ou seis anos de idade quando morreu Cyclonaut/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0 Para os cientistas, o papel do RNA na ativação dos genes oferece uma janela para a biologia viva de um mamute-lanoso, algo nunca antes observado, e isso por si só já é um feito. "Com o RNA, podemos obter evidências diretas de quais genes estão 'ativados', oferecendo um vislumbre dos momentos finais da vida de um mamute que caminhou sobre a Terra durante a última Era do Gelo", afirmou o geneticista Emilio Mármol-Sánchez, da Universidade de Estocolmo, na Suécia. "Essa é uma informação que não pode ser obtida apenas pelo DNA", completou. Ele faz parte de uma equipe associada à empresa Colossal Biosciences, que tem como missão trazer de volta animais que já foram extintos. Nos últimos anos, houve avanços significativos na recuperação e no sequenciamento de DNA antigo — o mais antigo já sequenciado veio de sedimentos congelados na Groenlândia, com cerca de 2 milhões de anos. Ainda assim, o RNA tem uma vida útil muito mais curta, tornando sua preservação em restos antigos muito menos provável. Mammuthus primigenius Romano Boltunov/Wikimedia Imagine o DNA como um livro de receitas, cujas receitas são os genes. O papel do RNA é executar as funções desses genes — copiar uma receita específica, levá-la ao local necessário e ajudar em sua preparação. Depois disso, o RNA torna-se obsoleto e precisa se decompor rapidamente, evitando o acúmulo de moléculas inúteis. Enquanto o DNA antigo pode revelar quais genes um organismo possuía, o RNA pode mostrar quais genes estavam ativos pouco antes da morte, uma informação que não pode ser obtida de nenhuma outra forma. É uma forma potencial de entender como um organismo viveu. O autor principal do artigo, o geneticista evolucionista Love Dalén, do Centro de Paleogenética da Suécia, e sua equipe acreditam que alguns dos restos de mamutes excepcionalmente bem preservados, recuperados recentemente do permafrost siberiano, podem conter fragmentos de RNA antigo. E ele poderá ser usado para recriar o animal original, ou algo muito próximo. Eles coletaram amostras de tecido de 10 mamutes, sequenciaram-nas e compararam os resultados com genomas humanos e de elefantes. Nem todas as amostras continham RNA detectável. Na verdade, apenas 3 das 10 apresentaram fontes confiáveis de RNA antigo — e, em duas delas, os fragmentos não eram suficientemente detalhados para análise. Khaleesi, um dos lobos-terríveis da Colossal Biosciences Colossal Biosciences Apenas um dos mamutes atingiu esse nível: Yuka, um filhote de mamute-lanoso macho mumificado que viveu e morreu há 39.000 anos e foi descoberto no permafrost siberiano em 2010. Embora o RNA recuperado de seus tecidos estivesse fragmentado, havia material suficiente para reconstruir o que seu organismo estava fazendo no momento da morte. Os cientistas encontraram RNA associado à contração muscular e à regulação metabólica sob estresse, o que não surpreende, já que um estudo de 2021 sugeriu, com base em danos nos restos mortais, que Yuka foi atacado por leões-das-cavernas e fugiu para um lamaçal, onde morreu. O tecido muscular também continha RNA, incluindo microRNA, que não codifica proteínas. Algumas dessas moléculas apresentavam mutações raras que confirmaram sua origem mamute. "Os RNAs que não codificam proteínas, como os microRNAs, estiveram entre as descobertas mais interessantes", afirmou o biólogo molecular Marc Friedländer, da Universidade de Estocolmo e do SciLifeLab. "Os microRNAs específicos do músculo que encontramos nos tecidos de mamute são evidências diretas da regulação gênica ocorrendo em tempo real na antiguidade. É a primeira vez que algo assim é alcançado." Embora o estudo indique que a sobrevivência do RNA em restos antigos seja rara, saber que isso é possível já representa um avanço enorme. Yuka pode até oferecer um modelo para as condições ideais de preservação de RNA antigo, ajudando a orientar pesquisas futuras. "Nossos resultados demonstram que as moléculas de RNA podem sobreviver por muito mais tempo do que se pensava anteriormente", afirmou Dalén. "Isso significa que não só poderemos estudar quais genes estão 'ativados' em diferentes animais extintos, como também será possível sequenciar vírus de RNA, como os da gripe e os coronavírus, preservados em restos da Era do Gelo." Mais Lidas Réplica do mamute lanoso no Museu de História Natural de Nova York Getty Images Um mamute-lanoso que viveu e morreu há quase 40.000 anos proporcionou uma descoberta científica inacreditável. E essa descoberta pode ajudar a empresa Collossal Biosciences a ressuscitar o animal pré-histórico. As informações são do ScienceAlert. A partir da pele e dos músculos de um mamute, o Mammuthus primigenius, chamado Yuka, cujos restos mortais foram preservados no permafrost siberiano, uma equipe de cientistas sequenciou RNA quase três vezes mais antigo que o recorde anterior — pertencente a um filhote de lobo de 14.300 anos. O RNA tem uma taxa de degradação muito mais rápida em comparação com o DNA. Segundo os pesquisadores, o fato de fragmentos terem sobrevivido em condições suficientemente boas para serem sequenciados após dezenas de milhares de anos foi inesperado. O mamute Yuka devia ter cinco ou seis anos de idade quando morreu Cyclonaut/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0 Para os cientistas, o papel do RNA na ativação dos genes oferece uma janela para a biologia viva de um mamute-lanoso, algo nunca antes observado, e isso por si só já é um feito. "Com o RNA, podemos obter evidências diretas de quais genes estão 'ativados', oferecendo um vislumbre dos momentos finais da vida de um mamute que caminhou sobre a Terra durante a última Era do Gelo", afirmou o geneticista Emilio Mármol-Sánchez, da Universidade de Estocolmo, na Suécia. "Essa é uma informação que não pode ser obtida apenas pelo DNA", completou. Ele faz parte de uma equipe associada à empresa Colossal Biosciences, que tem como missão trazer de volta animais que já foram extintos. Nos últimos anos, houve avanços significativos na recuperação e no sequenciamento de DNA antigo — o mais antigo já sequenciado veio de sedimentos congelados na Groenlândia, com cerca de 2 milhões de anos. Ainda assim, o RNA tem uma vida útil muito mais curta, tornando sua preservação em restos antigos muito menos provável. Mammuthus primigenius Romano Boltunov/Wikimedia Imagine o DNA como um livro de receitas, cujas receitas são os genes. O papel do RNA é executar as funções desses genes — copiar uma receita específica, levá-la ao local necessário e ajudar em sua preparação. Depois disso, o RNA torna-se obsoleto e precisa se decompor rapidamente, evitando o acúmulo de moléculas inúteis. Enquanto o DNA antigo pode revelar quais genes um organismo possuía, o RNA pode mostrar quais genes estavam ativos pouco antes da morte, uma informação que não pode ser obtida de nenhuma outra forma. É uma forma potencial de entender como um organismo viveu. O autor principal do artigo, o geneticista evolucionista Love Dalén, do Centro de Paleogenética da Suécia, e sua equipe acreditam que alguns dos restos de mamutes excepcionalmente bem preservados, recuperados recentemente do permafrost siberiano, podem conter fragmentos de RNA antigo. E ele poderá ser usado para recriar o animal original, ou algo muito próximo. Eles coletaram amostras de tecido de 10 mamutes, sequenciaram-nas e compararam os resultados com genomas humanos e de elefantes. Nem todas as amostras continham RNA detectável. Na verdade, apenas 3 das 10 apresentaram fontes confiáveis de RNA antigo — e, em duas delas, os fragmentos não eram suficientemente detalhados para análise. Khaleesi, um dos lobos-terríveis da Colossal Biosciences Colossal Biosciences Apenas um dos mamutes atingiu esse nível: Yuka, um filhote de mamute-lanoso macho mumificado que viveu e morreu há 39.000 anos e foi descoberto no permafrost siberiano em 2010. Embora o RNA recuperado de seus tecidos estivesse fragmentado, havia material suficiente para reconstruir o que seu organismo estava fazendo no momento da morte. Os cientistas encontraram RNA associado à contração muscular e à regulação metabólica sob estresse, o que não surpreende, já que um estudo de 2021 sugeriu, com base em danos nos restos mortais, que Yuka foi atacado por leões-das-cavernas e fugiu para um lamaçal, onde morreu. O tecido muscular também continha RNA, incluindo microRNA, que não codifica proteínas. Algumas dessas moléculas apresentavam mutações raras que confirmaram sua origem mamute. "Os RNAs que não codificam proteínas, como os microRNAs, estiveram entre as descobertas mais interessantes", afirmou o biólogo molecular Marc Friedländer, da Universidade de Estocolmo e do SciLifeLab. "Os microRNAs específicos do músculo que encontramos nos tecidos de mamute são evidências diretas da regulação gênica ocorrendo em tempo real na antiguidade. É a primeira vez que algo assim é alcançado." Embora o estudo indique que a sobrevivência do RNA em restos antigos seja rara, saber que isso é possível já representa um avanço enorme. Yuka pode até oferecer um modelo para as condições ideais de preservação de RNA antigo, ajudando a orientar pesquisas futuras. "Nossos resultados demonstram que as moléculas de RNA podem sobreviver por muito mais tempo do que se pensava anteriormente", afirmou Dalén. "Isso significa que não só poderemos estudar quais genes estão 'ativados' em diferentes animais extintos, como também será possível sequenciar vírus de RNA, como os da gripe e os coronavírus, preservados em restos da Era do Gelo." Mais Lidas

A volta do mamute-lanoso está mais próxima: cientistas encontram o RNA mais antigo de um filhote da espécie

2025/11/15 06:11
Réplica do mamute lanoso no Museu de História Natural de Nova York — Foto: Getty Images Réplica do mamute lanoso no Museu de História Natural de Nova York — Foto: Getty Images

Um mamute-lanoso que viveu e morreu há quase 40.000 anos proporcionou uma descoberta científica inacreditável. E essa descoberta pode ajudar a empresa Collossal Biosciences a ressuscitar o animal pré-histórico. As informações são do ScienceAlert.

A partir da pele e dos músculos de um mamute, o Mammuthus primigenius, chamado Yuka, cujos restos mortais foram preservados no permafrost siberiano, uma equipe de cientistas sequenciou RNA quase três vezes mais antigo que o recorde anterior — pertencente a um filhote de lobo de 14.300 anos.

O RNA tem uma taxa de degradação muito mais rápida em comparação com o DNA. Segundo os pesquisadores, o fato de fragmentos terem sobrevivido em condições suficientemente boas para serem sequenciados após dezenas de milhares de anos foi inesperado.

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O mamute Yuka devia ter cinco ou seis anos de idade quando morreu — Foto: Cyclonaut/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0 O mamute Yuka devia ter cinco ou seis anos de idade quando morreu — Foto: Cyclonaut/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0

Para os cientistas, o papel do RNA na ativação dos genes oferece uma janela para a biologia viva de um mamute-lanoso, algo nunca antes observado, e isso por si só já é um feito.

"Com o RNA, podemos obter evidências diretas de quais genes estão 'ativados', oferecendo um vislumbre dos momentos finais da vida de um mamute que caminhou sobre a Terra durante a última Era do Gelo", afirmou o geneticista Emilio Mármol-Sánchez, da Universidade de Estocolmo, na Suécia. "Essa é uma informação que não pode ser obtida apenas pelo DNA", completou.

Ele faz parte de uma equipe associada à empresa Colossal Biosciences, que tem como missão trazer de volta animais que já foram extintos.

Nos últimos anos, houve avanços significativos na recuperação e no sequenciamento de DNA antigo — o mais antigo já sequenciado veio de sedimentos congelados na Groenlândia, com cerca de 2 milhões de anos. Ainda assim, o RNA tem uma vida útil muito mais curta, tornando sua preservação em restos antigos muito menos provável.

Mammuthus primigenius — Foto: Romano Boltunov/Wikimedia Mammuthus primigenius — Foto: Romano Boltunov/Wikimedia

Imagine o DNA como um livro de receitas, cujas receitas são os genes. O papel do RNA é executar as funções desses genes — copiar uma receita específica, levá-la ao local necessário e ajudar em sua preparação.

Depois disso, o RNA torna-se obsoleto e precisa se decompor rapidamente, evitando o acúmulo de moléculas inúteis.

Enquanto o DNA antigo pode revelar quais genes um organismo possuía, o RNA pode mostrar quais genes estavam ativos pouco antes da morte, uma informação que não pode ser obtida de nenhuma outra forma. É uma forma potencial de entender como um organismo viveu.

O autor principal do artigo, o geneticista evolucionista Love Dalén, do Centro de Paleogenética da Suécia, e sua equipe acreditam que alguns dos restos de mamutes excepcionalmente bem preservados, recuperados recentemente do permafrost siberiano, podem conter fragmentos de RNA antigo. E ele poderá ser usado para recriar o animal original, ou algo muito próximo.

Eles coletaram amostras de tecido de 10 mamutes, sequenciaram-nas e compararam os resultados com genomas humanos e de elefantes. Nem todas as amostras continham RNA detectável. Na verdade, apenas 3 das 10 apresentaram fontes confiáveis de RNA antigo — e, em duas delas, os fragmentos não eram suficientemente detalhados para análise.

Khaleesi, um dos lobos-terríveis da Colossal Biosciences — Foto: Colossal Biosciences Khaleesi, um dos lobos-terríveis da Colossal Biosciences — Foto: Colossal Biosciences

Apenas um dos mamutes atingiu esse nível: Yuka, um filhote de mamute-lanoso macho mumificado que viveu e morreu há 39.000 anos e foi descoberto no permafrost siberiano em 2010. Embora o RNA recuperado de seus tecidos estivesse fragmentado, havia material suficiente para reconstruir o que seu organismo estava fazendo no momento da morte.

Os cientistas encontraram RNA associado à contração muscular e à regulação metabólica sob estresse, o que não surpreende, já que um estudo de 2021 sugeriu, com base em danos nos restos mortais, que Yuka foi atacado por leões-das-cavernas e fugiu para um lamaçal, onde morreu.

O tecido muscular também continha RNA, incluindo microRNA, que não codifica proteínas. Algumas dessas moléculas apresentavam mutações raras que confirmaram sua origem mamute.

"Os RNAs que não codificam proteínas, como os microRNAs, estiveram entre as descobertas mais interessantes", afirmou o biólogo molecular Marc Friedländer, da Universidade de Estocolmo e do SciLifeLab.

"Os microRNAs específicos do músculo que encontramos nos tecidos de mamute são evidências diretas da regulação gênica ocorrendo em tempo real na antiguidade. É a primeira vez que algo assim é alcançado."

Embora o estudo indique que a sobrevivência do RNA em restos antigos seja rara, saber que isso é possível já representa um avanço enorme. Yuka pode até oferecer um modelo para as condições ideais de preservação de RNA antigo, ajudando a orientar pesquisas futuras.

"Nossos resultados demonstram que as moléculas de RNA podem sobreviver por muito mais tempo do que se pensava anteriormente", afirmou Dalén. "Isso significa que não só poderemos estudar quais genes estão 'ativados' em diferentes animais extintos, como também será possível sequenciar vírus de RNA, como os da gripe e os coronavírus, preservados em restos da Era do Gelo."

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