Mesmo com EBITDA forte, ação da Azul (AZUL4) despenca após números de novembro
Mesmo após divulgar um EBITDA ajustado robusto no mês de novembro, as ações da Azul (AZUL4) sofreram forte pressão no mercado e derreteram no pregão seguinte. A reação negativa reflete a cautela dos investidores com o processo de recuperação judicial da companhia aérea nos Estados Unidos e com os riscos financeiros que ainda cercam a empresa.
Na tarde desta terça-feira (30), por volta das 12h30, os papéis da Azul caíam 7,92%, negociados a R$ 2.219,98. Logo na abertura do pregão, a ação chegou a entrar em leilão por oscilação máxima permitida, após uma queda próxima de 10%, sinalizando uma leitura defensiva do mercado diante dos dados divulgados na véspera.
Na noite de segunda-feira (29), a Azul apresentou à Justiça dos Estados Unidos seu relatório operacional mensal, documento exigido no âmbito do Chapter 11, processo de recuperação judicial em andamento no país. O relatório trouxe informações financeiras referentes ao período de 1º a 30 de novembro de 2025.
No mês, a companhia registrou receita líquida de R$ 1,817 bilhão. O resultado operacional ajustado, desconsiderando itens não recorrentes ligados à reestruturação, somou R$ 392,1 milhões, equivalente a uma margem operacional de 21,6%.
O EBITDA ajustado alcançou R$ 621,8 milhões, com margem de 34,2%, um nível elevado mesmo em comparação com meses anteriores. Ao fim de novembro, a Azul reportou R$ 1,348 bilhão em caixa e equivalentes, além de R$ 3,749 bilhões em contas a receber.
Apesar desses números, o mercado reagiu com cautela. Investidores ponderam que os dados são preliminares e não auditados, divulgados exclusivamente para atender às exigências do tribunal americano, e não substituem as demonstrações financeiras completas da companhia.
No comunicado encaminhado ao mercado, a Azul afirmou que as informações têm como objetivo “manter o mercado informado sobre a evolução da posição financeira e operacional da companhia ao longo de seu processo de reestruturação”.
Além do desempenho mensal, pesa sobre a AZUL4 a incerteza em relação às próximas etapas do plano de recuperação judicial. O mercado acompanha com atenção a possibilidade de diluição dos acionistas, diante da conversão de dívidas em ações e da emissão de novos papéis.
Outro ponto sensível é a proposta de extinção das ações preferenciais, com conversão em ações ordinárias, que será discutida em assembleia marcada para 12 de janeiro de 2026. A iniciativa busca simplificar a estrutura de capital da empresa, mas adiciona volatilidade ao papel no curto prazo.
Na prática, a derrocada das ações reflete um descompasso entre resultado operacional pontual e risco financeiro estrutural. Mesmo com margens elevadas em novembro, o mercado segue mais atento ao desfecho do Chapter 11 do que à fotografia mensal dos resultados da Azul (AZUL4).


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