sem descrição BBC News fonte Tânia Rêgo/Agência Brasil O Brasil enfrenta uma onda de calor na primeira semana do verão 2025/2026 que já dura dias. Segundo sem descrição BBC News fonte Tânia Rêgo/Agência Brasil O Brasil enfrenta uma onda de calor na primeira semana do verão 2025/2026 que já dura dias. Segundo

'Este calor não é normal': como é a vida em cidades onde os termômetros chegam a 50ºC

2025/12/28 02:03
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O Brasil enfrenta uma onda de calor na primeira semana do verão 2025/2026 que já dura dias.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ela afeta todo o Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e partes de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina.

O fenômeno faz com que as temperaturas fiquem até 5ºC acima do normal para esta época do ano em todas estas áreas.

Pelo segundo dia seguido na sexta-feira (26/12) , a cidade São Paulo registrou recorde de calor para o mês de dezembro ao atingir 36,2ºC.

O Estado do Rio de Janeiro registrou, nos últimos dias, mais de 2 mil atendimentos de pessoas passando mal por conta do calor em postos de saúde.

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Somente na capital fluminense, foram mais de 1 mil atendimentos entre os dias 23, 24 e 25 de dezembro, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Os recordes de temperatura mostram que a crise climática não é mais uma preocupação sobre o futuro. Em muitas partes do mundo, ela já começou.

O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia.

Antes disso, 2023 já havia levado o posto de ano mais quente da história.

Milhões de pessoas estão vivendo em temperaturas extremas, enfrentando uma ameaça crescente de enchentes ou incêndios florestais.

Em 2021, a BBC colheu depoimentos de cinco pessoas em diferentes partes do mundo que explicavam como as temperaturas extremas mudaram suas vidas. Leia a seguir:

  • A capital com mais dias de calor extremo do Brasil: 'Não tem como dormir, te degrada muito'
  • Calor afeta mais pretos, pardos, idosos e mulheres no Brasil, aponta estudo
  • Onda de calor: o que acontece com o corpo sob temperaturas extremas

'Passamos muitas noites sem dormir'

Shakeela Bano costuma colocar as roupas de cama de sua família na laje de sua casa de um andar na Índia. É que algumas noites são muito quentes para dormir dentro de casa. Mas a superfície pode estar quente demais para andar.

"É muito difícil", diz ela. "Passamos muitas noites sem dormir."

Shakeela mora com o marido, a filha e três netos em um quarto sem janelas em Ahmedabad. Eles têm apenas um único ventilador de teto para mantê-los frescos.

Com a mudança climática, muitas cidades na Índia estão agora atingindo 50°C.

As áreas densamente povoadas e construídas são particularmente afetadas por algo conhecido como efeito de ilha de calor urbana.

Materiais como concreto prendem e irradiam calor, elevando as temperaturas. E não há trégua à noite, quando pode, na verdade, ficar mais quente.

Em casas como a de Shakeela, as temperaturas agora chegam a 46°C.

Ela fica tonta com o calor. Seus netos sofrem de erupções cutâneas, exaustão pelo calor e diarreia.

Os métodos tradicionais para se manter fresco, como beber água com limão, não funcionam mais. Em vez disso, eles pediram dinheiro emprestado para pintar o telhado de sua casa de branco.

As superfícies brancas refletem mais luz do sol e uma camada de tinta branca no telhado pode reduzir as temperaturas internas em 3 a 4 graus.

Para Shakeela, a diferença é enorme; o quarto é mais fresco e as crianças dormem melhor. "Ele não dormia durante a tarde", diz ela, apontando para o neto adormecido. "Agora ele pode adormecer em paz."

'Quente como fogo'

"Eu venho de um lugar quente", diz Sidi Fadoua. Mas o calor no norte da Mauritânia, no oeste da África, agora é quente demais para muitas pessoas viverem e trabalharem. O calor aqui não é normal, diz ele. "É como fogo."

Sidi, de 44 anos, mora em uma pequena vila perto dos limites do Saara. Ele trabalha como mineiro de sal em locais próximos.

O trabalho é árduo e fica mais difícil à medida que a região esquenta devido às mudanças climáticas.

"Não podemos suportar tais temperaturas", diz ele. "Não somos máquinas."

Para evitar temperaturas acima de 45°C no verão, Sidi começou a trabalhar à noite.

As perspectivas de emprego são escassas. Aqueles que antes ganhavam a vida criando gado não podem mais fazer isso — não há plantas para as ovelhas e cabras pastarem.

Assim como um número cada vez maior de seus vizinhos, Sidi tem planos de migrar para a cidade costeira de Nouadhibou, onde a brisa do mar mantém a cidade mais fresca. Os moradores locais podem pegar uma carona lá em um dos trens mais longos do mundo, levando minério de ferro para a costa.

"As pessoas estão se mudando daqui", explica Sidi. "Não aguentam mais o calor."

A rota de 20 horas é perigosa. Os moradores locais costumam sentar-se no topo dos vagões, onde são expostos ao calor e à luz solar durante o dia, antes que as temperaturas caiam muito à noite.

Em Nouadhibou, ele espera encontrar trabalho na indústria pesqueira.

A brisa pode trazer alívio, mas com o número cada vez maior de pessoas escapando do calor do deserto, é mais difícil encontrar oportunidades de trabalho. Sidi continua esperançoso.

'Como você acaba com um inferno?'

Patrick Michell, chefe da comunidade indígena Kanaka Bar First Nation, começou a notar mudanças preocupantes na floresta perto de sua reserva em British Columbia, no Canadá, há mais de três décadas.

Havia menos água nos rios e os cogumelos pararam de crescer.

No verão de 2021, seus medos se tornaram realidade. Uma onda de calor estava varrendo a América do Norte. Em 29 de junho, sua cidade natal, Lytton, bateu recordes, chegando a 49,6ºC. No dia seguinte, sua esposa enviou-lhe a foto de um termômetro que indicava 53ºC. Uma hora depois, sua cidade estava em chamas.

Sua filha, Serena, grávida de oito meses, correu para colocar seus filhos e animais de estimação no carro: "Saímos com as roupas do corpo. As chamas tinham três andares de altura e estavam bem ao nosso lado."

Patrick correu de volta para ver se poderia salvar a casa. Ele cresceu lidando com incêndios florestais.

Mas, assim como o clima, os incêndios também mudaram. "Não são mais incêndios florestais, são infernos", diz ele. "Como você acaba com um inferno?"

Apesar das circunstâncias familiares, Patrick vê o que aconteceu como uma oportunidade: "Podemos reconstruir Lytton para o meio ambiente que está por vir nos próximos 100 anos. É assustador, mas em meu coração existe esse otimismo."

2024 foi o ano mais quente da história. Antes, 2023 já havia batido o mesmo recorde — Foto: BBC News fonte 2024 foi o ano mais quente da história. Antes, 2023 já havia batido o mesmo recorde — Foto: BBC News fonte

'Quando eu era criança, não era assim'

"Quando eu era criança, o clima não era assim", diz Joy, que mora no Delta do Níger, na Nigéria. A região é uma das mais poluídas da Terra, e os dias e noites mais quentes estão aumentando.

Joy sustenta sua família usando o calor de chamas a gás para secar tapioca e vender o produto em um mercado local.

"Eu tenho cabelo curto", explica Joy, "porque se eu deixar meu cabelo crescer, ele pode queimar minha cabeça se a chama mudar de direção ou explodir."

Mas as chamas são parte do problema. As empresas petrolíferas as usam para queimar o gás que é liberado do solo quando fazem a prospecção de petróleo.

As chamas, que atingem 6 metros de altura, são uma fonte significativa de emissões globais de dióxido de carbono (CO2), que contribuem para as mudanças climáticas.

A mudança climática teve um impacto devastador aqui, transformando terras férteis em desertos no norte, enquanto enchentes repentinas atingiram o sul.

As pessoas não se lembram de um clima tão extremo enquanto cresciam.

"A maioria das pessoas aqui não está bem informada o suficiente para explicar por que o clima está mudando rapidamente", diz Joy. "Mas suspeitamos das chamas contínuas."

Ela quer que o governo proíba a queima de gás, embora dependa disso para sustentar sua família.

Quase nenhuma riqueza do petróleo foi reinvestida na Nigéria, onde 98 milhões de pessoas vivem na pobreza. Isso inclui Joy e sua família. Por cinco dias de trabalho, eles ganham o equivalente a R$ 30 de lucro.

Ela não está otimista quanto ao futuro. "Acho que a vida [na Terra] está chegando ao fim."

'Este calor não é normal'

Anos atrás, Om Naief começou a plantar árvores em um pedaço de deserto perto de uma rodovia. Funcionária pública aposentada do Kuwait, ela estava preocupada com as temperaturas cada vez mais severas do verão e o agravamento das tempestades de poeira.

"Falei com alguns funcionários. Todos disseram que era impossível plantar algo na areia", diz ela. "Disseram que a terra era arenosa e a temperatura muito alta. Eu queria fazer algo que surpreendesse a todos."

Om mora no Oriente Médio, que está esquentando mais rápido do que grande parte do mundo. O Kuwait caminha para temperaturas insuportáveis ​​— costuma ser mais quente do que 50°C.

Algumas previsões sugerem que a temperatura média aumentará 4°C até 2050. No entanto, a economia do Kuwait é dominada pelas exportações de combustíveis fósseis.

Os dois canteiros que Om plantou são modestos, mas têm um propósito.

"As árvores protegem da poeira, eliminam a poluição, limpam o ar e reduzem as temperaturas", diz ela. Ouriços-terrestres e lagartos de cauda espinhosa agora visitam o local. "Há água doce e sombra. É uma coisa linda."

Alguns kuwaitianos estão pedindo agora que um cinturão verde em grande escala seja plantado pelo governo.

A esperança compartilhada é que o Kuwait esteja pronto para se posicionar contra a crise climática. Om diz que eles devem proteger a terra e não deixá-la secar.

"Este calor não é normal", conclui Om. "Esta é a terra dos nossos pais. Devemos retribuir, porque ela nos deu muito."

Esta reportagem foi publicada originalmente em outubro de 2021 e atualizada em dezembro de 2025.

  • O mundo está ficando mais quente — e isso está afetando nossos cérebros
  • A escalada das denúncias de quem trabalha sob calor extremo: 'Imagina como ficam os trabalhadores soldando tanques'
  • A cidade onde as pessoas vivem embaixo da Terra por causa do calor
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