A cúpula do governo chinês sinalizou uma abordagem macroeconômica mais proativa e coordenada para 2026, colocando a demanda interna no centro da política econômica e minimizando estímulos agressivos para o setor imobiliário e o endividamento público.
A Conferência Central de Trabalho Econômico, que terminou na 5ª feira (11.dez.2025) em Pequim, informou que a China “implementará políticas macroeconômicas mais ativas e eficazes”, combinando ferramentas existentes e novas para aumentar a eficiência das políticas.
Autoridades afirmaram que a economia permanece no caminho certo para atingir as metas de crescimento para 2025, impulsionada por uma expansão de 5,2% nos primeiros 3 trimestres e pelas revisões para cima das projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), de 5% e 4,5% de crescimento para 2025 e 2026, respectivamente.
Embora persistam as preocupações com a fraca demanda e as incertezas externas, a conferência deste ano marcou uma mudança de tom. O comunicado oficial enquadrou o principal desafio econômico da China como uma “contradição proeminente entre forte oferta e fraca demanda” –uma questão estrutural, e não apenas de consumo insuficiente.
A mudança sugere que Pequim considera os desequilíbrios do lado da oferta, e não apenas o consumo insuficiente, como uma restrição para o 1º ano do próximo Plano Quinquenal Nacional.
A reunião enfatizou que a política macroeconômica para 2026 fortalecerá os ajustes anticíclicos e transcíclicos, um passo atrás em relação ao apelo do ano passado por “medidas anticíclicas extraordinárias”.
A política fiscal permanecerá “ativa”, embora sem a retórica de maior rigor do ano passado. Pequim prometeu manter um deficit fiscal, um nível de endividamento e um padrão de gastos “necessários” –orientação que os analistas interpretam como a manutenção da taxa de deficit de 2026 próxima a 4%.
As autoridades também defenderam incentivos fiscais e subsídios mais padronizados, medidas para aliviar a pressão fiscal local e uma melhor gestão das prioridades de gastos. A conferência insinuou um maior investimento orçamentário do governo central e usos permitidos mais amplos para títulos locais especiais.
A política monetária permanecerá “moderadamente frouxa”, com o comunicado citando explicitamente cortes nas taxas de juros e reduções nos requisitos de reserva dos bancos como ferramentas para apoiar o crescimento estável e “uma recuperação razoável dos preços”.
Revigorar a demanda interna é a principal prioridade da agenda para 2026. A liderança prometeu fortalecer o mercado interno, flexibilizar restrições ao consumo consideradas injustificadas e avançar com planos de aumento da renda para moradores urbanos e rurais.
Em relação aos investimentos, o governo prometeu interromper a recente queda expandindo os investimentos do orçamento central, otimizando os principais programas de infraestrutura e aprimorando a gestão de títulos especiais. Pequim também pressionou por investimentos mais robustos do setor privado por meio de bancos de desenvolvimento e instrumentos de financiamento direcionados.
O comunicado comprometeu-se explicitamente –pela 1ª vez– a reverter a queda nos investimentos, segundo analistas da Nomura, com a liderança reiterando os esforços para estabilizar o mercado imobiliário, solicitando a liberação mais rápida de pagamentos corporativos em atraso e enfatizando “o uso flexível e eficiente do índice de compulsório bancário e cortes nas taxas de juros”.
Inovação, reforma e abertura –classificadas em 2º, 3º e 4º lugares nas prioridades do próximo ano– incluirão reformas mais profundas do mercado nacional unificado, ações contra a concorrência desleal e novas medidas para a reestruturação de empresas estatais e proteções legais para o setor privado.
Pequim reafirmou seu compromisso com a abertura de alto padrão, incluindo a liberalização ampliada do setor de serviços, a otimização do layout das zonas de livre comércio e o apoio ao comércio digital e verde.
A prevenção de riscos, embora classificada em último lugar entre as 8 prioridades, permaneceu um tema-chave. O governo prometeu estabilizar o mercado imobiliário por meio de políticas específicas para cada cidade, redução de estoques e ampliação da conversão de imóveis não vendidos em unidades subsidiadas.
Os governos locais serão incentivados a reduzir proativamente suas dívidas, com proibições de novos passivos ocultos e ferramentas aprimoradas de reestruturação para dívidas de plataformas de financiamento.
Analistas da Capital Economics disseram que a reunião sinaliza a continuidade do apoio monetário e fiscal em 2026, mas não um grande estímulo econômico. A previsão é de cortes de juros de cerca de 30 pontos-base e reduções de 75 pontos-base na taxa de compulsório até o final de 2026 –mais do que as previsões consensuais, mas ainda insuficientes para reativar significativamente a demanda por crédito.
A empresa de pesquisa afirmou que as medidas imobiliárias continuam sendo incrementais e improváveis de impulsionar uma recuperação, deixando a política fiscal responsável pela maior parte do suporte ao crescimento. Com a meta de deficit inalterada, o estímulo fiscal provavelmente será menor do que em 2025.
Ainda assim, analistas disseram que a mudança para uma utilização mais eficiente dos recursos fiscais –particularmente gastos que impulsionem a renda familiar e o consumo de serviços– pode lançar as bases para uma economia mais equilibrada ao longo do tempo.
Analistas da China Merchants Securities disseram que o tom geral da política monetária permanece favorável e deve proporcionar um ambiente relativamente frouxo para o mercado de ações chinês em 2026.
Eles destacaram 3 implicações: a expectativa de estabilidade na meta de déficit de 4%, um foco renovado em grandes projetos para estabilizar o investimento durante o 1º ano do Plano Quinquenal e sinais positivos sobre o crescimento da renda familiar, apesar do financiamento adicional limitado para grandes e importantes programas de infraestrutura.
Historicamente, observaram, as ações de grandes empresas tendem a ter um desempenho superior na semana seguinte à conferência, com setores como petroquímica, telecomunicações e eletrônicos apresentando maiores probabilidades de ganhos pós-reunião.
A corretora acrescentou que a mudança para uma narrativa de “oferta forte e demanda fraca” sugere uma crescente urgência em ações que estimulem a demanda, possivelmente levando a políticas mais favoráveis ao consumo no início do próximo ano.
Esta reportagem foi originalmente publicada em inglês pela Caixin Global em 12.dez.2025. Foi traduzida e republicada pelo Poder360 sob acordo mútuo de compartilhamento de conteúdo.

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